Vozes do GrowLIFE
A série Vozes do GrowLIFE pretende apresentar uma visão abrangente do nosso projeto. Através de uma série de entrevistas, queremos dar a conhecer as suas várias dimensões e intervenientes, incluindo a equipa que desenvolve o projeto, agricultores, decisores políticos, chefes de cozinha, e outros atores relevantes do sistema alimentar.
Acompanha-nos à medida que exploramos as histórias e experiências que constroem o GrowLIFE e nos aproximam de um sistema alimentar mais saudável e sustentável.
Entrevista realizada no âmbito do Dia Internacional da Gastronomia — 18 de Junho
Olá Ana Paula Pais, pode apresentar-se: falar do o seu papel no TdP/ Escolas de Hotelaria e Turismo de Portugal e porque se celebra o Dia da Gastronomia Sustentável?
Olá, eu sou a Ana Paula Pais, sou a Diretora da Direção de Gestão de Competências e Capacitação. Tenho um papel privilegiado no Turismo Portugal, que é, de alguma forma, contribuir para coordenar e gerir a nossa rede de Escolas de Hotelaria e Turismo, que estão espalhadas no território nacional, e que têm uma missão única de qualificar e capacitar os jovens e os profissionais que vão para o setor do turismo.
Uma das nossas áreas de formação principal é a área da cozinha, da pastelaria, da padaria e, portanto, nós temos nessa área o grande desafio de contribuir para a preservação da nossa gastronomia, do nosso património cultural e gastronómico. E, nesse enquadramento, celebrar o Dia da Gastronomia Sustentável é ainda mais importante, porque vivemos desafios muito grandes, muito relevantes na preservação da nossa identidade alimentar, na recuperação das tradições, dos métodos de cultivo, dos produtos que são tradicionais do nosso país, da nossa dieta, da forma como eles são transformados depois em alimentos, e que têm um impacto gigante na nossa saúde. E, por isso, celebrar o Dia da Gastronomia Sustentável, em que as nossas Escolas realizam diversas atividades, desde encontros com os produtores, até a produção de receituário sustentável, que integra os produtos locais, muitos até já em desuso, e que, sendo utilizados antigamente, agora não são tão valorizados.
E, por isso, nessas atividades, as nossas Escolas trazem para a vida dos jovens essas tradições que preservam a nossa identidade gastronómica.
Como é que isto se relaciona com as EdHT?
As Escolas de Hotelaria e Turismo têm já uma dinâmica muito própria no domínio da Responsabilidade Social e Ambiental, e há mesmo um programa que engloba as 12 Escolas, “Educar para a responsabilidade em Turismo”, e para o qual se dinamizam ações de âmbito ambiental, social e económico e que adicionam valor à ação das Escolas no âmbito da sustentabilidade.
O Turismo de Portugal é um eco-agrupamento do Programa Eco-Escolas, sendo que às 12 Escolas tem sido atribuído o Galardão Bandeira Verde pelo trabalho desenvolvido neste âmbito desde 2020.
Há também a preocupação de participar em projetos internacionais que têm a ver com as questões da sustentabilidade, como por exemplo os projetos Vet4Food, Aim2Sustain e Pantour.
A nível nacional, para além do projeto GrowLIFE, também estamos envolvidos em iniciativas como:
1. EcoCycle, em colaboração com o Departamento de Higiene Urbana da Câmara Municipal de Lisboa, em que através do programa Lisboa a Compostar existem 3 compostores, bem como formação para se poder fazer compostagem na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa;
2. “O que vem à rede”, que apela ao consumo de espécies marinhas comercialmente menos valorizadas e pretende reforçar a sustentabilidade do oceano, em que a Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal está envolvida;
3. O Projeto ALFA-BIO, que envolve a Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve e que está relacionado com o desenvolvimento de um produto inovador em “Food & Beverage“, utilizando produtos endógenos, sazonais e biológicos, neste caso a alfarroba.
São tudo ações que vão ao encontro dos princípios do GrowLIFE e da importância de preservar a sustentabilidade dos sistemas alimentares.
Porque é que o TdP/as EdHT se tornou parceiro do GrowLIFE?
Nós fomos convidados para integrar este projeto, mas de facto ele veio, no fundo, dar corpo a um conjunto de atividades que nós já fazíamos, se calhar de forma menos organizada, e criar a oportunidade de nós termos uma equipa de pessoas em todas as Escolas – temos os nossos Embaixadores da Sustentabilidade envolvidos especialmente neste projeto – para, no fundo, também aprendermos mais sobre a produção sustentável. E não só a questão da transformação dos alimentos, da gastronomia, mas percebermos melhor a questão das paisagens alimentares, da qualidade e do contributo que essas paisagens alimentares sustentáveis têm para a riqueza da gastronomia, como por exemplo para a preservação do sabor, para a recuperação de produtos, como eu disse há pouco, que caíram em desuso na nossa alimentação e que são características do nosso país.
E, sendo nós, o Turismo Portugal, a Autoridade Turística Nacional, e pretendendo promover um turismo sustentável, um turismo regenerativo, que recupera a paisagem na sua essência, o GrowLIFE tornou-se uma oportunidade para juntar o que nós já fazemos, mas para adicionar conhecimento científico. E através das atividades que vamos ter ao longo dos anos, nós vamos poder conhecer melhor o território, a nossa produção alimentar, as nossas paisagens sustentáveis, o seu contributo para a alimentação, e, sobretudo, construir ou formar e qualificar um conjunto de jovens que, no futuro, quando nós já não pudermos pensar nisso, estejam preparados para preservar a nossa identidade gastronómica com aquilo que de mais genuíno e identitário ela tem e, sobretudo, de uma forma que preserva o nosso planeta e contribua para a melhoria contínua e regenerativa do nosso ambiente, que é muito, muito relevante para nós, nomeadamente para o Turismo de Portugal.
Quais são as atividades específicas que as EdHT irão realizar no âmbito do GrowLIFE?
a. Dias Abertos de Produtores: organizados com o apoio da Caravana Agroecológica (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), onde se mostram produtores locais e os produtos de cada época e, dão-se a conhecer os locais e horários de venda habitual, e se conversa sobre produtos e técnicas, mas também sobre dificuldades e mitos do consumo de proximidade.
b. Unidade de Competência para estudantes na área dos sistemas alimentares sustentáveis, co-construída pelos parceiros do GrowLIFE, Escolas de Hotelaria e Turismo e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e em que os alunos dos Cursos de Especialização Tecnológica (CET) contactam com todos os elementos (ambiente, pessoas, fatores de produção, processos, infraestruturas, instituições, mercados e comércio) e atividades relacionados com a produção, transformação, distribuição e comercialização, preparação e consumo de alimentos e os resultados destas atividades, incluindo os resultados socioeconómicos e ambientais. Um sistema alimentar sustentável é um sistema alimentar que garante a segurança alimentar e nutricional para todos, de forma a não comprometer as bases económicas, sociais e ambientais necessárias para gerar segurança alimentar e nutricional para as gerações presentes e futuras.
c. Cursos para Profissionais de Cozinha: Na área dos sistemas alimentares sustentáveis, seguindo a linha da unidade de competência dedicada aos alunos dos CET, sempre com o pensamento sistémico presente. Serão desenhadas unidades de duração mais curta, adaptados a profissionais de restauração e afins, a funcionar em horários em que aqueles profissionais estão mais disponíveis.
Que mais gostaria de partilhar com o nosso público?
Convidam-se todos e todas a acompanhar a comunicação do projeto GrowLIFE e as redes sociais das Escolas, onde será divulgada informação sobre os Dias Abertos de Produtores, e da Academia Digital que divulgará a formação para profissionais.
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